Olá!
Nossa, meu último post foi na primeira semana de janeiro. Depois disso passei por um problema que me deixou completamente sem chão: um acidente doméstico com meu príncipe que, infelizmente culminou com a amputação da falange distal do dedo mínimo da mão esquerda (isso mesmo: meu filho perdeu a ponta do dedinho, deixando-o mais curto).
Foi uma via-crucis.
No dia 15/01 recebi a visita de uma das minhas irmãs. Esta foi ao banheiro, deixando a porta aberta. Nisso meu filho entrou no banheiro e abriu o ralo, ela gritou por mim. Fui lá, ralhei com meu filho, chamei-o pra sair do banheiro e fechei a porta... mas a pontinha do dedinho dele ficou... Ele não chorou. Automaticamente percebi que prendi o dedinho dele à porta. Sangrou muito... Gritei, chorei, peguei gelo, pano para estancar o corte e corremos para a emergência de um hospital do bairro. O dedo dele estava no lugar. Só sangrou muito - o corte foi profundo, sabe? Bom, não me deixaram entrar na sala de sutura. Um "ortopedista" suturou o dedinho do meu filho e pasmem: com 6 pontos!! Isso: 6 pontos no dedinho de um bebê de 1 ano e 1 mês! Ele disse que estava tudo bem, que eu esperasse 4 dias. Prescreveu antibiótico, antiinflamatório... enfaichou o dedo de forma estranha. Minha intuição de mãe me conduziu à pediatra dele e... apertaram tanto que o dedo todo tava escuro!!!! Senhor, como gritei!! Véspera de feriadão no Rio, onde eu encontraria um cirurgião de mão? A pediatra disse que o ortopedista jamais poderia fazer o que fez, que tinha que encaminhar meu filho para um hospital infantil com médicos que tivessem competência para suturar o dedinho de um bebê.
Fui encaminhada para um hospital pediátrico na Zona Norte do Rio - dizem ser um dos melhores em pediatria. A plantonista teve boa vontade, atendeu, falou do risco de necrose mas que teríamos que esperar... os pontos inflamaram muito, não cicatrizaram... Resumo da ópera: no dia 27/01 desenganaram a falange distal mas me enlouqueceram dizendo que eu teria que aguardar mais. Uma sucessão de erros médicos!! Se tivessem me encaminhado no dia do acidente para um cirurgião de mão meu filho provavelmente não teria perdido a ponta do dedo. Saí deste hospital infantil e procurei por conta própria um cirurgião de mão. Graças a Deus fui parar no melhor cirurgião de mão talvez do mundo - Dr.Pedro Bijos e sua equipe maravilhosa! Infelizmente ele precisou fazer a amputação. Muito ético disse que não tinham culpados, que foi um acidente mas que precisaria fazer logo para não complicar (surpreso ficou pois os outros médicos esperaram demais). Enfim: cirurgia com anestesia geral de urgência.
O que tudo indica foi que os pontos foram mal dados, ficaram muito apertados. Praticamente "garrotearam" a ponta do dedo do meu filho.
Meu mundo caiu! Desde o dia do acidente entrei em profunda oração, pedindo à Deus orientação, sabedoria, um milagre... No entanto não fui atendida. Será?
Embora meu filho tenha passado por isso, minha fé aumentou. Poderia ter sido muito pior. Talvez perder o dedo todo ou até mesmo a mão esquerda já que os "mérdicos" anteriores esperavam por uma "estabilização da área de necrose".
Foram dias e noites traiçoeiras.
Minha mãe ficou chocada pois ela relatou que com a mesma idade sofri o mesmo acidente: meu dedo ficou preso, cortou profundamente sendo que ela não levou pro hospital: tratou em casa mesmo. A neurocirurgiã que trata da coluna da minha mãe disse que "não se dá pontos em ponta de dedo de crianças. Apenas se estanca o sangue, faz-se um curativo."
Pensei em processar mas a maldita ética médica me atrapalha. Quem irá contrapor o colega? No caso do cirurgião, ele não pode dizer se houve ou não negligência pois o dedo já chegou desenganado. A pediatra dele disse que quem errou foi o médico que fez o primeiro atendimento - a sutura. Mas ela também tirou o corpo fora.
É muito difícil provar erro médico. Vejam os casos dessas pessoas que morrem em cirurgias simples. Nénhum médico é preso...
Queria sair do orkut, acabar com o blog... fiquei sem comer dias. chorei horrores a ponto de eu ficar com as bolsas dos olhos inchadas e feridas.
Meu filho nada sentiu. Nada sabe. A vida pra ele continua a mesma.
Não sei o motivo de nós termos passado por isso. Muitas das vezes minha fraca mente questiona se mereço isso ou não. Peço todos os dias a Deus (ou essa força infinita inexplicável que criou tudo o que existe) para que minha fé não se abale.
Quando olho pro dedo do meu filho, sofro. Nunca mais esquecerei disso! Meu marido sofreu mas superou melhor que eu. Ele diz que ficou triste mas o consolo dele é de que nosso filho está cada dia mais lindo, mais esperto, saudável... Afinal ele só perdeu cerca de 1 centímetro do corpinho.
Eu sofro sim! Sei que tem mães que sofrem mais do que eu, que perderam seus filhos devido a violência, a doenças crônicas...
A aceitação chegou pra mim embora eu não me conforme. Se eu pudesse criar a máquina do tempo, teria voltado. Se eu pudesse amputar meu dedo no lugar do dedinho do meu filho...
Meu consolo veio ontem quando assistia ao Fantástico - a entrevista da Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni. Essa sim tá sofrendo horrores. Essa sim chora todos os dias a filha que nunca mais verá.
É... meu filho precisou passar por isso para que eu percebesse que existem coisas muito piores.
Todos nós sempre consideramos nossos problemas piores que os dos outros. Sim: existem pessoas que reclamam demais por pouco. Existem aqueles que reclamam mas sofrem horrores e existem aqueles que sofrem calados e ainda agradecem...
Só posso dizer o seguinte: cada dia que passo ficou mais decepcionada com a medicina. Eu e meu pequeno já sofremos muito com médicos, hospitais... e olha que pago caro pra usufruir por isso.
A Medicina está uma vergonha! Só vemos médicos que ora visam somente o dinheiro ora estão despreparados para cuidar de vidas. Só que para toda regra temos excessões. Difícil é encontrar um médico humano, que exerça sua profissão por amor acima de qualquer coisa.
segunda-feira, 23 de março de 2009
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